quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Mindelo ( Cabo Verde) - Fernando de Noronha



Esse seria o trecho mais longo de nossa travessia, cerca de 1.200 milhas (2.200 Km). Levamos 10 dias.
A saida foi com bastante vento e ondas. O canal que existe entre as duas ilhas afunila o vento e faz crescer o mar. Saimos velejando só de genoa com ventos entre 27 a 32 nós com velocidade de 8 a 10 nós e logo já estávamos ao largo nos afastando do último pedaço de terra avistável até o Brasil.
Eu estava não mareado, mas com o estômago pesado por conta de um sanduiche de carne que tinha comido no café da manha num boteco no centro da cidade. O barco estava todo abastecido de água e diesel (400l) o que pela nossas contas seria suficiente para chegarmos em Noronha caso tivéssemos que motorar por cerca de 7 dias, o que seria improvavel, já que a previsão de tempo indicava bons ventos em rota.
Na noite anterior tínhamos pego a previsão de tempo e planejado a travessia com ajuda inclusive de um software que contém as cartas piloto o Visual Passage Planner


Como tínhamos encontrado com outro veleiro que ia seguindo para Noronha, combinamos de velejar perto, mantendo contato pelo rádio. Mas um dia depois de nossa partida perdemos o contato até nos encontramos novamente em Fernando de Noronha.
Desses 10 dias motoramos 4 dias, 2 desses em contra-vento, ai tudo fica mais dificil a bordo, barco bate muito nas ondas e a navegada é bem desconfortavei, muito adernado.
Em rota tivemos também por várias vezes pancadas de chuva com vento de cerca de 30 nós o que nos obrigava a arribar um pouco para não forçar o equipamento.


Cruzamos a linha do Equador no dia 07/11 às 19:40, o evento foi devidamente festejado, com direito a bolo e vinho branco. Um pouco antes tínhamos avistado um bando de baleias-piloto e por sorte o Bob notou a adriça do grande quase se rompendo, o que consertamos na hora... Acho que só o fato de termos entrado no hemisfério sul já mudou o nosso humor e também tínhamos mudado o rumo já direto para Noronha, com o barco menos adernado, mais arribado, a navegação parecia outra.
Conforme íamos nos aproximando de Noronha, a ansiedade ia aumentando. Eu particularmente estava querendo chegar no dia 09/11, era aniversário de meu filho Gustavo e queria lhe telefonar. Aliás a saudade da família e dos amigos era muito grande. Nunca tinha ficado tanto tempo isolado da família.






Nessa perna a pescaria foi fraca, nenhum peixe e ainda perdemos várias iscas. Mas vimos animais interessantes, um cardume de atum ou bonito navegou conosco um dia inteiro ao redor do barco, vimos uma tartaruga enorme, um bando de baleias-piloto e o mais engraçado foi quando numa noite, ao assumir meu turno, subi e em cima do dog-house tinha um atoba dormindo que meu deu um susto danado, ver aquela coisa preta voando na minha cara...


Depois da passagem do equador ainda foram dois dias de velejada até Noronha, chegamos na noite do 09/11, ainda a tempo de cumprimentar meu filho pelo aniversário. Fundeamos perto do quebra-mar por volta das 20h e ai fui fazer um almoço/jantar que saboreamos junto com minha ultima garrafa de vinho francês...

Finalmente no Brasil, um mês depois de nossa partida da França. Nessa noite assistimos What the bleep do we know, um filme cabeça, sobre física quântica, metafísica, universos paralelos, que foi motivo de altas discussões no dia seguinte...

2 comentários:

Unknown disse...

bom dia,

Estou planejando voltar no Brasil começo 2009, e gostaria embarcar num veleiro desde cabo verde. Eu sou totalmente inexperimente... Teria possibilade com vocês ?

Obirgado pela ajuda

Frank

Rodney - Veleiro Darumah disse...

Caro Frank

Por favor acesse http://www.darumah.com e preencha formulário de contato. Estou operando com charters na Região de Paranaguá.
[]
Rodney