quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Resumo da viagem




O Veleiro Beneteau Oceanis 40

Pegar um veleiro zero e sair velejando por meio mundo é complicado... Tivemos muitos problemas com as velas, com falta de bateria, com adriça do grande sendo cortada por cantos-vivos no mastro, etc E como fez falta um pau de spinnaker, balão então nem se fala...

Na parte de conforto o barco é 10. Geladeira muito boa, pouco consumo e ótimo rendimento. As cabines são bem espaçosas. Muitos armários e a cozinha bem funcional. O banheiro amplo, com box para um banho bem confortável.

O motor Yanmar 3JH4E bem dimensionado para a embarcação, muito econômico, em regime de força a 2200 rpm estava fazendo 2 litros/hora.

O desempenho velejando não foi dos melhores, acho que estava armado com pouca área vélica, com genoa 3. Num vento de través de 25 nós o barco estava andando somente entre 7 e 8 nós.

A rota

arquivo da rota para ser aberto no Google Earth, baixe aqui

















A Viagem

Foram 35 dias de viagem. Quase 4.800 milhas (8.900 Km). Cinco países.
Emagreci 6 Kg, nem tanto por esforço, mais por mudança nos hábitos alimentares, beber menos cerveja também ajudou... ;)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Fernando de Noronha - Salvador

Esta minha última perna seria de aproximadamente 670 milhas (1300 Km). Mal suspendemos a âncora e já colocamos na água as linhas+iscas para tentar pescar algo. Afinal se não pescássemos em Noronha não iríamos pescar em lugar algum. Depois de muitos ataques de pequenas barracudas que infelizmente não conseguimos fisgar, quando nos afastamos das ilhas entrou um belo bonito que virou um gostoso sashimi e um cozido no vapor enrolado no papel alumínio.

Nesse primeiro dia o papo girou em torno do filme que vimos na noite anterior. Aliás nossos papos a bordo sempre foram muito bons, animados e de alto astral. Isso foi essencial para manter um ótimo ambiente a bordo.

Esse trecho fizemos em 4 dias, a maior parte velejando, com mar calmo.
A pescaria teve boa, apesar de ter conseguido embarcar somente um bonito e uma cavala, mas tivemos boas brigas - perdidas - com dourados e até com um tubarão de cerca de 1,5m.

Teve uma noite que observamos uma fosforescência muito diferente na água. Saiam por debaixo da popa do barco umas bolas brilhantes que logo "explodiam" liberando uma quantidade de luz incrível... nunca tinha visto nada parecido... e em meio essa fosforescência vieram alguns golfinhos nadando ao redor e eles pareciam torpedos de luz, riscando o mar escuro.

Tinha trazido a bordo e era para ser montado antes, mas somente nesse trecho deu pra fazer. Montei um CD-Sextant. Tinha visto um how-to na internet e juntei algumas peças de lego, cortei 2 espelhos e acabou que deu pra montar. Tiramos algumas alturas na passagem meridiana do sol e como exercício foi legal, mas ainda tenho que dar uma aferida nele.

A boa notícia que o Bob recebeu por telefone foi que o dono e 2 amigos embarcariam em Salvador. Estava resolvida a questão...
Na penúltima noite passamos por um campo de exploração de petróleo, entre dois navios-plataformas. Nos chamaram no rádio alertando para que mantivéssemos uma distância mínima de 500 m das instalações. Pessoal gente boa, ainda puxaram um papinho querendo saber o que estávamos fazendo, ofereceram ajuda caso precisássemos, etc...

Por volta das 13 h do dia 14 de novembro avistamos o Farol da Barra de Salvador. A viagem estava chegando ao fim, com um sentimento bom de missão cumprida e de ter conseguido realizar um sonho antigo de fazer uma longa viagem de veleiro.

Às 16h encostamos no pier da Bahia Marina e a minha mais longa (até agora) velejada chegou ao fim...

sábado, 10 de novembro de 2007

Fernando de Noronha



A última e única vez que havia estado em Noronha foi em 1986 e já esperava que muita coisa houvesse mudado. Naquela época havia somente uma pousada na ilha e somente um vôo comercial por semana. Tenho ótimas lembranças daquela viagem, tudo era permitido, nadar com os golfinhos, caminhar livremente por toda ilha e a camaradagem sem interesse comercial dos ilhéus. Isso tudo deu lugar ao "progresso", ao xiitismo ecológico que proibe tudo e ao interesse comercial desenfreado...




Mas apesar disso tudo Noronha continua bela... pelo que consegui ver nas 18 horas em que lá permanecemos.
Nessa manhã acordei com um bando enorme de golfinhos rotadores dando grandes saltos em volta do barco, ficaram um tempão. Um comite de boas-vindas e tanto...


Chegamos na ilha nadando. Não tínhamos inflável e não tivemos dúvida em mergulhar naquelas águas límpidas e nadar até a praia. Fui meio me "arrastando", pois levava às costas uma bolsa impermeável com nossas roupas e dinheiro. Fomos direto para os mercadinhos, de ônibus circular... e após devidamente abastecidos de frutas, verduras e outras comidas pegamos uma carona de volta para o veleiro e iniciamos o que seria minha última perna dessa travessia. Eu iria desembarcar em Salvador e estava preocupado em arrumar um substituto pois não gostaria de deixar meu parceiro sozinho nessa viagem, apesar de ter acertado isso já antes de ir para a França.